segunda-feira

Critica de Fernando Lobo - Autor da peça "Margens da Rua Augusta"

Na 2ª apresentação da peça "Margens da Rua Augusta" no dia 28 de Abril de 2013, tivemos o previlégio de contar com a presença de Fernando Lobo, autor da peça.
É com satisfação que transcrevemos a critica que Fernando Lobo faz ao nosso trabalho cénico na representação em "Margens da Rua Augusta" 


«Bom tarde amigos,

Ontem, fui ver a peça "Margens da Rua Augusta (dimensão poética da vida urbana)" representada por um grupo de actores cegos, amblíopes (baixa visão) e normovisuais, como pode ler-se no programa do espectáculo. Foi um momento divertido e comovente, sem dúvida. E um elogio à lucidez, independentemente das margens em que nos situamos no actual contexto económico, politico e social.
Por isso, vejam teatro!
Não obstante tratar-se de um original representado e dado à estampa em 2010, por incrível que pareça, encerra uma mensagem tão actual quanto a transversalidade do fenómeno de crise que vivemos - ou não fora o Poeta Tristeza, figura central com sentido gregário, um bibliófilo, um literato despejado da sua casa e, por consequência, (sobre)vivendo na rua (a Rua Augusta)
Do ponto de vista teatral, foi uma tarde muito divertida, mormente no equilibrio dos tempos de comédia, mas sobretudo, comovente num dos momentos dramáticos da acção. porquê? Porque o teatro é algo que acontece em tempo real e, desta feita, com gente muito bonita, talentosa e genuína e que...
Na medida em que o teatro é um processo que se desenrola no tempo e no espaço, ou parafraseando mestre António Pedro em que afirma que o teatro é "Arte do espaço que se realiza no tempo (...) o carácter efémero da sua forma de ser garante-lhe a existência durante os momentos em que acontece.", por isso, desloquem-se até lá!
Repetindo-me, apelo-vos que vejam em tempo real o teatro nas "Margens da Rua Augusta" sustentado nas 60 horas de transpiração de um elenco de amadores que, após o período laboral e uma vez por semana, deram dimensão plástica e assertividade crítica ao prazer, ao gozo que é "este-ir-para-cima-de-um-palco-ensaiar" (que dádiva!) e, por fim, brindarem-nos com a sua arte cénica. 
Por tudo isto, este grupo de amadores merece o nosso imenso aplauso. 
De parabéns está o encenador Paulo Santos que tão bem soube adaptar o texto à exiguidade do espaço e à tipologia do elenco composto  por Leonor Santos, Augusta Manso, Fernando Henriques, Susana Gonçalves, Maria João Muniz, Ricardo Santos e José Domingues pereira Gonçalves e Hugo Caetano.
Voltam a representar a peça no dia 12 e 19 Maio, pelas 17H00. Por isso, apareçam, pois irá valer a pena.
Abraço
FL»
 

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